Celine Song explora o romance como contrato emocional em tempos de exigências e filtros sociais.
Amor na Era dos Filtros, Planilhas e Matchs Impossíveis
Se Bauman visse o que o amor virou em 2025, talvez chamasse de “relacionamentos calculados”. Porque hoje, os encontros românticos vêm com pré-requisitos: altura mínima, signo compatível, ambição em alta e saldo bancário estável. O acaso virou exceção — e amar, uma espécie de entrevista emocional com planilha de requisitos.

Em “Amores Materialistas”, novo filme de Celine Song, o sentimento é tratado como um contrato: cada escolha amorosa envolve afeto, mas também estratégia, conveniência e até poder financeiro. O longa não entrega respostas fáceis, mas lança perguntas que incomodam: amar vale a pena quando o risco emocional é alto e o retorno, incerto?
Um Amor com Cláusulas: Dakota Johnson no centro do dilema
Lucy, interpretada por Dakota Johnson, é uma matchmaker cínica que vive entre dois polos: a paixão intensa (Chris Evans) e a segurança estável (Pedro Pascal). Nenhum é perfeito — e talvez esse seja o ponto. O amor genuíno existe, mas com cláusulas, desconfortos e limites de crédito.
O amor virou estratégia?
Inspirado pelas comédias românticas dos anos 90, o filme revisita esse gênero com mais realidade e menos fantasia. A química inexplicável dá lugar ao perfil compatível; o encontro inesperado vira swipe programado. E no meio disso tudo, o filme te pergunta:
“Você ama alguém… ou ama a ideia de alguém que se encaixa na sua vida?”

Reflexão dolorosa, mas necessária
Song não quer te fazer chorar nem rir — quer te fazer pensar. O filme toca em temas profundos: abuso emocional, relações performáticas, traumas silenciosos, negociações invisíveis. E os diálogos são crus, honestos e por vezes desconfortáveis. Como a vida real.